#32 - Síndrome de Ebola (1996)

 

Sou um grande fã do cinema de Hong Kong, em específico o cinema de ação entre as décadas de 70-2000, e com isso acabei ganhando gosto por atores e atrizes que, felizmente, também ganharam o mundo. E gostando de cinema de terror, fico feliz de tê-los visto nesse gênero também, mas algumas coisas me pegaram tanto pelo exagero do gore (o que amo) quanto pelo conteúdo extremamente problemático (o que me fez fazer caretas e me perguntar as motivações).

Anthony Wong é um desses meus atores prediletos e sempre que descubro algo novo com ele, lá vou eu caçar pra assistir. Eis que em 96 foi lançado um filme bem pesado chamado Síndrome de Ebola. Vamos ao resumo.

Ah Kai é um homem procurado em Hong Kong por ter assassinado seu chefe e a esposa dele. Refugiado na África do Sul, ele consegue trabalho em um restaurante chinês. Belo dia ele e o chefe vão até uma tribo para pegar mantimentos e descobrem que lá a população está infectada com ebola. Ah Kai sendo o homem perverso, doentio que é não só não se importa com isso como vê uma mulher da tribo morrendo e a estupra, contraindo pra si o vírus. No entanto ele aparentemente é imune e acaba retornando ao restaurante apenas como vetor do mesmo.

Se até aqui já tava horrível... Começa um banho de sangue, mortes, situações bizarras (como uma segunda tentativa de estupro e violência contra uma mulher na qual ele tenta cortar sua língua), o assassinato de seu chefe e da esposa dele (de novo!) e outras coisas pesadas. A ideia do filme é toda atirada no fato do personagem imundo interpretado por Wong não se importar com nenhuma mulher, principalmente, e a de que ele está espalhando a todos o vírus ebola.

Em entrevista, anos mais tarde, Anthony Wong disse ter odiado o papel e que somente o fez porque precisava de dinheiro. Adicione a isso o fato de que a indústria cinematográfica de Hong Kong sempre sofreu de baixo orçamento, com muitos técnicos tendo que desempenhar mais de uma função, e o retorno financeiro acabar indo parar mais nas produtoras do que, até mesmo, nos diretores. Esse é um dos motivos porque no final dos anos 80 e em toda a década de 90 muitos partiram para os EUA, quando tiveram a chance. Ponha aí o diretor John Woo, atores e atrizes como Sammo Hung, Michelle Yeoh, Maggie Cheung, Donnie Yen, etc.

Em uma cena específica, o personagem Ah Kai está cortando sapos vivos para algum tipo de refeição para o restaurante. O diretor exigiu que mostrasse um desses sapos sendo cortado vivo e o ator se negou veementemente a fazê-lo. O que aparece no filme são as mãos de outra pessoa matando o bichinho (até nisso o filme pesa). Tudo isso tornou essa produção um tormento para os atores, mas o que mais temos de relato mesmo são das entrevistas dadas por Wong. Um filme bem traumático de ser feito, com um roteiro mega problemático com a maneira como as mulheres são tratadas e ainda tem questões raciais que não tem como não serem preocupantes. Se for assisti-lo tenha isso em mente.

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