“vanitas vanitatum
omnia vanitas”
...No Templo das Tentações
(Something Wicked This Way Comes, 1983)
Direção:
Jack Clayton
Roteiro:
Ray Bradbury baseado em livro homônimo escrito por ele em 1964
Não que a Disney nunca tivesse trabalhado ou flertado com o horror, mas, aqui o buraco é mais embaixo. De produção complicada, o projeto desse filme já rodava por Hollywood há alguns anos com envolvimento de gente do quilate de Kirk Douglas, mas, nunca decolava, até que em 1983, depois de um árduo caminho e histórias que dariam um outro filme, as filmagens, enfim, iniciaram. O resultado final não agradou aos executivos da empresa, que viram no filme uma obra mórbida e um tanto quanto distante do público cativo da Disney e reeditaram o filme, trocando a trilha sonora, reescrevendo o roteiro, adicionando e deletando cenas inteiras de tal maneira que Clayton mal reconheceu o que filmou e nem Bradbury, o roteirista, o que escreveu e mesmo assim não adiantou, apesar das cenas que identificam plenamente o estilo da empresa, não é isso o que vemos na maior parte do tempo, vemos sim um filme tenso e deveras melancólico que trata sobre envelhecimento, a solidão da mulher abandonada, paternidade tardia, puberdade, abandono do lar e vaidades, essas situações, todas já existentes nas vidas dos personagens e das personagens, atinge patamares inesperados com a chegada do tal parque de diversões à cidade, um empreendimento liderado pelo misterioso Sr. Dark (Jonathan Pryce), que além das brincadeiras ordinárias desses lugares, também oferta tentações e os dois amigos, xeretas que são, descobrem que o preço a ser pago por elas é caríssimo e passam a ser perseguidos pelo Sr. Dark e sua trupe, que não têm a mínima intenção de ver seus planos ruírem e vemos cenas inacreditáveis de se ver em filmes da Disney, como uma tortura em cadeira elétrica, para citar uma delas.
O Templo das Tentações é um filme sem medo de dialogar com e sobre a morte, a brevidade da existência por mais longa que ela seja, além de ausências e arrependimentos e por isso fala aos nossos corações em vários momentos, jogando nas nossas caras como às vezes desperdiçamos nossas vidas em devaneios inalcançáveis enquanto desprezamos o que é real.
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