#36 Abbott e Costello contra Frankenstein (1948)

Um dos maiores fenômenos do terror, talvez, até hoje, foi a criação dos Monstros da Universal. Usando personagens já queridos pelo público, como Drácula e a Criatura de Frankenstein, e outros que não tinham uma história de base na literatura, mas tinham um mito forte, como o caso do Lobisomem, a Universal conseguiu construir uma carreira sólida nos filmes de terror. Ainda em 1930, o estúdio ficou conhecido por seus filmes do gênero.

Eu acho muito fascinante essa coisa toda. Adoro os Monstros da Universal, amo os filmes lançados nessa época e sou completamente apaixonada pelos rumos que as histórias levaram. A Noiva do Frankenstein é minha personagem favorita, mas eu tenho diversos filmes dessa época no meu coração.

Vendo o sucesso que esses Monstros faziam, a Universal apostou em sequências (como no caso de A Noiva), e, depois de algum tempo, também apostou nos crossovers. É sobre um desses crossovers que vou falar hoje: Abbott e Costello contra Frankenstein, de 1948.

Chick (Bud Abbott) e Wilbur (Lou Costello) estão vivendo suas vidas tranquilamente, trabalhando em uma transportadora, quando de repente recebem uma encomenda do Museu do Horror. São duas caixas enormes, e nelas deveriam estar o corpo do Conde Drácula (Bela Lugosi) e o corpo da Criatura de Frankenstein (Glenn Strange). Mas, quando o agente da seguradora chega com o proprietário do Museu (depois de uma tremenda bagunça causada por Wilbur, é preciso dizer), as caixas estão vazias!

Drácula acordou de seu descanso e, em um plano maligno, quer ressuscitar a Criatura, além de colocar um novo cérebro nela. O cérebro escolhido, claro, é o de Wilbur. Nesse vai e vem de planos malignos e traições, somente uma pessoa pode ajudar Chick e Wilbur de verdade: Larry Talbot (Lon Chaney Jr.), o Lobisomem. 

Dirigido por Charles Barton, o filme passou por um longo processo até ser lançado. Para começo de conversa, no ano de 1945, a Universal teve um quarto da participação da empresa comprada por J. Arthur Rank, acarretando em uma demissão em massa. Poucos foram os que sobraram entre os atores da casa, incluindo Abbott e Costello que, no momento, eram grandes astros do estúdio.

Mas as coisas não foram bem nos dois anos seguintes. A Universal quase decretou falência, Abbott e Costello quase se separaram como dupla, e a situação não era nada favorável. Mas o filme foi lançado, depois de uma aposta altíssima de Robert Arthur, produtor do filme, que acreditava que o filme se sairia bem. 

E saiu. Em 1948, foi um dos filmes com maior bilheteria do estúdio. Além de ser o filme de maior sucesso da franquia de Frankenstein desde o lançamento do filme original, em 1931.

Apesar de todos esses percalços, é muito legal pensar na possibilidade de um estúdio criar algo assim. É um filme de comédia, sem dúvida, mas reunindo alguns dos maiores astros dos filmes de terror e seus personagens. Bela Lugosi retornou como Drácula, e foi uma das únicas vezes em que reprisou seu papel de Conde. Lon Chaney Jr, filho de Lon Chaney, que já havia dado vida ao personagem de Larry Talbot alguns anos antes, volta como nosso amigo peludo mais uma vez. Boris Karloff não retornou como a Criatura, mas Glenn Strange reprisa seu papel que já havia trabalhado anteriormente em A Mansão de Drácula. E tudo funciona. 

O filme pode parecer bem bobo para os dias atuais — e é mesmo, mas é disso que são feitas as coisas boas da vida —, mas é um ideia bem bacana. Em 1948 a Universal já estava dando seus últimos suspiros com o sucesso dos Monstros (em relação aos lançamentos de filmes, já que os Monstros seguem firmes e fortes nos corações dos fãs), mas ainda assim, foi uma tentativa legal de unir esses personagens em um roteiro e em um filme de comédia.

Uma curiosidades legal da produção é que a sequência de animação que apresenta o card title foi criada por Walter Lantz, co-criador do Pica Pau.

Imagem de Art of the Title

Se você gosta dos Monstros e ainda não deu uma chance a Abbott e Costello contra Frankenstein eu recomendo muito. Eu assisti o filme no serviço de streaming gratuito Pluto TV que, apesar dos incontáveis comerciais, é uma alternativa legal e tem alguns bons filmes no catálogo (e isso não é uma publi). 





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