#55 Fábula Macabra (1972)

 Quando o pessoal do blog sugeriu que a gente fizesse um especial de Natal, vários filmes surgiram na minha cabeça. Eu amo o Natal. Adoro essa época do ano. Então eu tinha muitas possibilidades. Mas resolvi escrever sobre um filme que eu não conhecia — e que nunca tinha ouvido falar. Porque agora minha nova personalidade para 2023 é essa: quero experimentar coisas novas (mas não muito novas, por favor, eu sou uma senhora).

Rondando listas de filmes natalinos eu encontrei Fábula Macabra (Whoever Slew Auntie Roo), de 1972, dirigido por Curtis Harrington — que, descobri enquanto escrevia esse texto, também dirigiu A Noite do Terror (Night Tide), que assisti esses tempos atrás e gostei muito.

Pois bem. No filme, que se passa na Inglaterra dos anos 1920, conhecemos Mrs. Forrest (Shelley Winters), uma viúva bastante solitária e que sofre muito com a perda de sua filha, que morreu sete anos antes. Essa morte é o grande desespero de Mrs. Forrest, que não consegue superar de forma alguma, chamando até mesmo um médium para tentar um contato com a garotinha, que se chamava Katharine. 

O luto é vivido pelas pessoas de formas diferentes, e disso nós sabemos bem. Mas Mrs. Forrest sente tanta falta de sua filha que mantém seu cadáver em sua casa, contando histórias e cantando músicas de ninar em seu quartinho, que permaneceu inalterado nesses sete anos. De arrepiar.

Para tentar deixar sua vida menos vazia e fazer algo de bom para o mundo, Mrs. Forrest oferece uma festa natalina anual para os órfãos. A cada ano, 10 crianças são chamadas para participar, comer bastante e ganhar presentes. Essas crianças são escolhidas de acordo com seu comportamento no orfanato. E é aí que conhecemos os irmãos Christopher (Mark Lester) e Katy (Chloe Franks). Christopher é um garoto complicado, que lê muitos contos de fadas e assusta as crianças menores com suas histórias. Katy é uma garotinha tranquila, mas que acaba indo na onda do irmão mais velho.

Os dois não são convidados para a festa de Mrs. Forrest, mas Christopher consegue com que eles vão até lá de outra forma. Em determinado momento, Mrs. Forrest percebe a semelhança de Katy com sua filha falecida, e resolve adotá-la. Mas não passa pelo procedimento normal para isso, ela só pega a garotinha.

Só que ela não contava que Christopher iria estragar tudo.

Eu não vou contar mais do que isso, mas gostaria de dizer que o filme me surpreendeu muito. Primeiro pela atmosfera sombria: o esqueleto no berço, a mansão de Mrs. Forrest, as aves sendo preparadas para a ceia, as sessões mediúnicas. Todos esses pequenos elementos juntos montaram um quadro muito interessante. O filme tem realmente algo de macabro, mas eu não acho que seja o que a gente espera quando lê a sinopse.

Fábula Macabra tem uma veia bem forte de João e Maria, sendo o conto usado de base para a história. Ele também se insere no subgênero chamado hagsploitation, que utiliza mulheres mais velhas como protagonistas que nutrem sentimentos terríveis de seus passados (pra resumir muito). Outros títulos desses subgêneros são What Ever Happened to Baby Jane?, Hush...Hush, Sweet Charlotte, What Ever Happened to Aunt Alice e What's the Matter with Helen?

Acho que o filme não é, em si, tão natalino quanto o restante das resenhas dos meus amigos de blog. Mas é uma boa pedida também se você quiser fugir um pouco dos clássicos mais clássicos. 




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