#56 Rare Exports: Natal Bizarro (2010)

“Esteja pronto para acreditar em Papai Noel novamente”.

Em algum lugar da Finlândia, homens perfuram uma montanha e acham serragem num nível muito profundo. Ele mostra para um outro homem que parece ser o chefe ou contratante da expedição e fica bem feliz com o que foi encontrado. Ele explica que antigamente as serragens eram usadas para congelamento dando a entender que aquela montanha guarda alguma coisa muito especial que há muito, muito tempo foi congelada. Faltam 24 dias para o natal e o homem discursa para os operários dizendo que eles se encontram em pé neste momento sobre um tumulo sagrado do maior monte de sepultura do mundo, seu sonho de infância está prestes a se tornar realidade. Ele ainda reforça sobre a importância da montanha, diz que é um lugar tão antigo, extraordinário e sagrado que coloca até as pirâmides do Egito no bolso. De novo, faltam 24 dias para o Natal e é o tempo que eles têm para desenterrar seja lá o que ou quem estiver sob a montanha. Enquanto isso, dois meninos que moram pela redondeza, Pietari (Onni Tommila) e Juuso (Ilmari Jarvenpaa), escutam escondido todo o discurso do homem misterioso, isso os deixam preocupados e Pietari, o menor da dupla, ainda acredita no Papai Noel e conclui que ali, naquela montanha, está enterrado o bom velhinho. Já Juuso, maior que o colega, se julga muito adulto e não acredita nessas histórias.

 


Rare Exports é um filme de Natal finlandês dirigido por Jalmari Helander e que vai lá nas origens do mito do Santa Claus, na origem do folclore pagão para resgatar e também desconstruir essa figura do bom velhinho criada pelo cristianismo e por todo o imaginário publicitário da Coca-Cola. É baseado nos curtas do próprio diretor que já buscava contar histórias natalinas diferentes das que estamos acostumados no ocidente. Pietari, uma criança que vive apenas com o pai, o criador de renas e açougueiro Rauno (Jorma Tommila), é sagaz e curioso, vai pesquisar a verdadeira origem do Santa e descobre que o verdadeiro era um pouco diferente, ele chega a dizer ao amigo Juuso “O verdadeiro Santa chicoteia crianças desobedientes até a morte e não sobra nada delas”. Claro que Juuso continua achando tudo isso uma bobagem. Os dias passam, mais coisas estranhas acontecem e, enfim, chega a véspera de Natal e com ele o fim da escavação na montanha. O verdadeiro Papai Noel é desenterrado, crianças começam a desaparecer, assim como todos os aquecedores da cidadezinha e as tão esperadas renas pelos aldeões, são encontradas todas estraçalhadas. Já era o Natal deles e já era o estoque de carnes também. O prejuízo é enorme, mas eles tentam reverter isso quando encontram um homem que julgam ser o Papai Noel, eles capturam o suposto ser mitológico e o tentam vender para o homem que era o chefe da expedição arqueológica, é quando ele esclarece que o homem é só um dos ajudantes de Papai Noel e que eles têm a missão de proteger e libertar seu mestre do cativeiro e do gelo. 

 


O filme de Jalmari não é exatamente um terror, mas mexe com esse imaginário ao trazer uma figura fantástica e mitológica para o centro da discussão sobre o verdadeiro mito e espírito natalino da Finlândia antes do ocidente se apropriar e reconfigurar essa mitologia, aqui não temos um velhinho rechonchudo de barba branca, bochechas rosadas, vestido de vermelho e branco carregando um saco cheio de presentes, não, muito pelo contrário. Ele faz toda uma aldeia se unir em prol de um bem maior que é resgatar as crianças e salvar o natal deles, mesmo que aos 45 do segundo tempo. Pietari é menino herói que, a principio desacreditado, salva toda a aldeia com direito a uma cena eletrizante pendurado num helicóptero, e de quebra também o Natal. É lindo ver seu empenho em não desistir até o ultimo segundo do plano, toda a perspectiva que temos do filme é através de seu olhar. Sim eles têm um plano e toda a resposta está no título do filme. Aqui em casa Rare Exports, junto com outros filmes do tema, é obrigatório todo ano na semana natalina e se você tiver oportunidade de assistir a esse filme, não deixe passar, garanto que irá se divertir.

"Neste Natal, todos vão acreditar em Papai Noel”. 






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