#86 Odd Thomas (2013)

Tem uns atores que não precisam se esforçar muito para que a gente goste deles, né. Não sei exatamente o que nos atrai a essas pessoas, se é um tipo específico de papel, se simplesmente sentimos um carinho pelo carisma deles, por suas histórias. Enquanto algumas pessoas sentem o oposto (um tipo inexplicável de antipatia a alguns atores, de não conseguirem assistir seus filmes), eu gosto de focar na parte boa. 

Um desses atores pra mim é o Anton Yelchin. Um ator que fez bastante sucesso jovem, principalmente com papéis desajustados. Um de seus primeiros grandes papéis foi como Bobby Garfield, na adaptação linda e emocionante, porém um pouco esquecida, de Hearts in Atlantis, do Stephen King, intitulada  Lembranças de um Verão (2001), da qual contracenou junto de Anthony Hopkins. Mas acho que a maioria das pessoas conhecem Yelchin como Chekov nos filmes novos (agora não tão novos) de Star Trek — ou até mesmo como um jovem Kyle Reese em O Exterminador do Futuro: A Salvação (2009). Os fãs de terror talvez se lembrem dele em Sala Verde (2015) ou Only Lovers Left Alive (2013) ou o remake de A Hora do Espanto (2011).

Yelchin tinha uma carreira brilhante, mas faleceu após um acidente, esmagado pelo próprio carro contra uma caixa de correio de tijolos, em junho de 2016.

Hoje, entretanto, estou aqui pra falar de Odd Thomas (2013), um filme muito divertido que pouca gente liga.

Último filme dirigido por Stephen Sommers (até então, porque ele tá com um projeto em desenvolvimento) — sim, diretor de A Múmia (1999) e O Retorno da Múmia (2001), dois dos melhores filmes já feitos pela história do cinema, e Van Helsing - O Caçador de Monstros (2004) que, sim, é um filme subestimado e incompreendido —, Odd Thomas é baseado na série de livros de Dean Koontz. O Dean Koontz foi muito lembrado esses anos atrás quando saíram os boatos que um de seus livros, de 1981, tinha previsto a pandemia de covid. Não previu — pelo menos não mais que Dança da Morte, do King.

No filme, Odd Thomas (sim, o nome dele é Odd mesmo), interpretado por Yelchin, vê espíritos e resolve crimes. Os fantasmas vão até ele para pedir ajuda constantemente. E ele até leva tudo isso numa boa — o máximo que ver fantasmas permite, claro. Mas, certo dia, ele percebe que há algo vindo aí, algo que talvez nem ele consiga lidar. Quando vê diversas criaturas malignas perseguindo um homem estranhíssimo e várias pessoas começam a ter sonhos bizarros, Odd percebe que tem algo grande e terrível se aproximando. 

Assim como uma série de adaptações literárias, Odd Thomas (o filme, não o personagem) sofre de algumas coisas que o prejudicam: livros que não são muito conhecidos pelo público em geral, falta de marketing trabalhando a favor do filme, e uma única adaptação do que deveria ter sido uma série (e não foi, o que é uma enorme pena). Mas é um filme divertido, tem o Willem Dafoe, e tem uma certa nostalgia meio anos 2010 que envolve a ambientação da parada toda.

É o melhor filme do Sommers? Não, o cara fez A Múmia, é extremamente difícil competir com isso. É o melhor filme do Yelchin? Não também. Mas é um filme que vale sim uma assistida descompromissada num sábado à tarde, aquele sábado de preguiça, sabe? Quando você tá naquele estado mental de cérebro quase derretendo, pronto pra tomar um sorvetinho e tirar aquele cochilo. 

É uma ótima pedida se você gosta de A Múmia, Constantine, Dellamorte, Dellamore, e tudo essas tranqueiras em que espíritos malignos são uma ameaça e um cara meio esquisito precisa lidar com eles.

Odd Thomas, até a data da publicação dessa resenha, está disponível para assistir no Prime Video.




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