#344 Quando Eu Era Vivo (2014)

Dando continuidade ao nosso miniespecial de cinema brasileiro, hoje eu escolhi falar sobre o famigerado filme de terror da Sandy. Quando Eu Era Vivo estava na minha watchlist há ANOS e eu não pegava pra assistir. Às vezes a gente precisa de um tranco mesmo, acontece. Finalmente esse dia chegou, e eu gostei muito mais do filme do que esperava gostar.

A história se concentra em Júnior (não o da Sandy, o Marat Descartes), um homem que acabou de terminar seu casamento, e volta para a casa de seu pai para se restabelecer. Lá, ele percebe que as coisas estão bem diferentes desde que sua mãe faleceu. Seu pai, Sênior (Antônio Fagundes), virou um marombeiro — com direito a whey e tudo —, e agora aluga um dos quartos da casa pra uma moça, Bruna (Sandy), que estuda música.

Apesar do desconforto inicial, de chegar na casa do pai de malas feitas e perceber que a situação parece mais uma visita do que um acolhimento, Júnior fica por lá, tentando se sentir mais confortável, procurando um lugar para não se sentir extremamente estranho e tentando algum tipo de contato afetuoso com seu pai. Tudo isso não chega a lugar algum, claro. Sênior está disposto a deixar o passado para trás. Já achou até uma nova namorada, Miranda (Gilda Nomacce). 

Mas quando Júnior encontra algumas coisas que pertenceram à sua mãe, ele começa a entrar em uma espiral para o passado, lembrando de coisas que havia esquecido, e procurando descobrir outras que ficaram para trás. As coisas vão se confundindo diante de Júnior, até que ele não saiba mais o que é real ou o que é imaginado.

Quando Eu Era Vivo é dirigido por Marco Dutra, com roteiro de Dutra e Gabriela Amaral Almeira, e edição de Juliana Rojas. Assim, são três nomes que eu admiro imensamente, então é claro que eu realmente ia gostar do filme. É uma adaptação do livro A Arte de Produzir Efeito Sem Causa, de Lourenço Mutarelli, que eu gostaria de ter lido antes de assistir ao filme, mas não consegui.

O filme todo tem um clima de paranoia no ar, uma coisa meio maluca. Parece realmente que o Júnior vai pirar a qualquer momento, e o Marat Descartes faz o papel muito bem. Li em algumas entrevistas que ele e o Dutra confirmam que O Iluminado, com o papel do Jack Nicholson, foram duas fortes inspirações para o filme e para o personagem, e é algo realmente de se notar.

Abro um parêntese especial para falar da Sandy no papel de Bruna, que está ótima. Eu assisti algumas coisas com ela, principalmente aquele seriado, cresci ouvindo as músicas, e é muito encontrar ela nesse papel. Não perde em nada para qualquer atriz que esteja inserida no gênero há anos, ela segurou muito bem a barra.


E, assim, Antônio Fagundes, né. Um dos meus atores nacionais favoritos, provavelmente, que está em duas das minhas três novelas favoritas, eu adorei o papel dele. 

Quando Eu Era Vivo é uma excelente entrada no terror nacional. Eu imaginei que, tendo Fagundes no elenco, talvez o filme pudesse ir mais para o lado espírita da coisa (talvez por associar ele à novela A Viagem, e por causa do longo histórico de obras brasileiras que flertam com o tema), mas não. Quando Eu Era Vivo vem nessa esteira de filmes de terror brasileiro recentes, dessas últimas duas décadas, mais bem trabalhados e maduros se comparados com algumas obras da década de 2000, que logo em seguida nos presenteia com Mate-Me Por Favor, A Sombra do Pai, e tantos outros. 

Recomendo fortemente que quem gosta de terror e de cinema brasileiro (ou quem gosta da Sandy, sim, por que não?) coloque esse aqui na watchlist. Vale muito a pena. Mais um acerto para Dutra, Rojas e Almeida. 


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