#349 Enigma para Demônios (1975)

 


De uns anos para cá tenho me interessado muito pelo cinema brasileiro antigo. Já comentei aqui algumas vezes que cresci na época do Cinema da Retomada, e conhecia bem pouco do que veio antes. Então, acabei escolhendo apenas filmes anteriores à década de 80 para esse nosso especial. Para fechar, selecionei Enigma para Demônios, dirigido por Carlos Hugo Christensen. 

Carlos Hugo Christensen nasceu na Argentina em 1914, e fez filmes no Peru, Venezuela, Chile e chegou ao Brasil em 1945 para filmar El ángel desnudo. Nove anos depois, ele se refugiou no Brasil por questões políticas. Em 1975 lança Enigma para Demônios, que tem Monique Lafond como protagonista, e marca a estréia de José Mayer no cinema. 


O roteiro foi baseado no conto Flor, Telefone, Moça, de Carlos Drummond de Andrade. Inclusive, o diretor era conhecido por adaptar diversos trabalhos da literatura para o cinema, como os de Jorge Luis Borges, Machado de Assis e Silvina Ocampo. 

Depois do falecimento de seu pai na Argentina, Elza volta ao Brasil para encontar sua família e receber uma herança. Ela visita o túmulo de sua mãe e acaba pegando uma flor de outro túmulo do cemitério. Ela passa então a receber estranhas ligações com uma voz desconhecida que ordena que ela devolva a flor ao túmulo correto. 

Essa é a primeira parte do filme. Ela ali conhecendo a família que não via desde criança, lidando com as coisas da herança e do nada essa bizarrice das ligações. Ela tem certeza que é um espírito, fica aterrorizada e não sabe o que fazer. 


Claro que todo mundo começa a desconfiar da sanidade de Elza, ainda mais tendo em vista o histórico de sua mãe. Ela se muda para o interior, para uma propriedade da família e decide não voltar mais para a Argentina. Aqui o clima muda completamente. Sabe aqueles filmes ingleses de cidadezinha do interior tomada pelo pânico satânico? Exatamente o que acontece aqui.

Infelizmente a cópia que assisti estava em péssimo estado (como a maioria dos filmes dessa época), muito escura, mas não tirou o charme do filme. Foi meu primeiro filme do diretor e com certeza verei mais coisas dele. 

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